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24.12.10
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O poema é um acto verdadeiro
O poema é um acto falso
O poema é um acto contínuo
O poema mais que uma forma de olhar é uma tentativa de ser
Há um quadrado com 4 pessoas, aos passantes do espectáculo A Portugueza acrescentam-se carros, história íntima, há um quadrado narrativa, poema acessível a quem se senta na explanada da Suíça, o poeta é de Santarém gosta de cafés de Lisboa, nós somos de Lisboa gostamos de escadas que cospem e engolem gente na cidade, há um quadrado poema para cabeça em moldura de pernas, há a Route 66 um nada mítico caminho aberto, estrada para, camadas brutas de som amore desperato em repetição.
Podia ser só isto.
Para a compreensão mineral do poema o poeta põe de parte o extremo exercício da beleza, profundamente desperto e recusando advérbios de modo, imobiliza-se.
Foto de cores estridentes, tempo morto entre rochas que progridem à razão de um milímetro por século.
Também podia ser só isto.
Ou mais simples ainda. Tirar os óculos do bolso, limpar-lhes as lentes e boa noite.